Resumo
Desde o século XIX, o gênero antológico desempenha um papel fundamental na fixação e na transmissão da tradição literária brasileira. Constantemente instrumentalizado pelos discursos dominantes, participou do processo de marginalização das mulheres de letras no país. A partir dos anos 1980, na esteira da desconstrução, a crítica feminista, por sua vez, serviu-se das chamadas contra-antologias para o resgate dos textos de autoria feminina apagados. A análise de Escritoras brasileiras do século XIX: antologia, ilustra esse processo e aponta para o fato de que a escolha do gênero como campo de batalha para a revisão da história literária operou, ao mesmo tempo, um alargamento dos limites da história cultural vigente e uma desconstrução da própria forma antológica.
Referências
Bandeira, Manuel. Antologia dos poetas brasileiros da fase parnasiana. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1938.
Bandeira, Manuel. Antologia dos poetas brasileiros da fase romântica. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1937.
Barreto, Fausto; Laet, Carlos de. Antologia nacional. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1895.
Derrida, Jaques; Roudinesco Elizabeth. De que amanhã... diálogo. Tradução de André Telles. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2004.
Domenella, Ana; Pasternac, Nora. Las voces olvidadas: antología crítica de narradoras mexicanas nacidas en el siglo XIX. México, D.F.: El Colegio de México, 1991.
Fraisse, Emmanuel. Les anthologies en France. Paris: PUF, 1997.
Gilbert, Sandra; Gubar, Susan (Org.). The Norton anthology of literature by women: the traditions in English. New York: W.W. Norton & Co, 1984.
Gilbert, Sandra; Gubar, Susan (Org.). The Norton anthology of literature by women: the traditions in English. 3. ed. New York: W.W. Norton & Co, 2007.
Giraldo, Luz Mery (Org.). Ellas cuentan: una antología de relatos de escritoras colombianas, de la Colonia a nuestros días. Santafé de Bogotá: Seix Barral, 1998.
Muzart, Zahidé L. (Org.). Escritoras brasileiras do século XIX : antologia. 2. ed. Florianópolis: Mulheres; Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 1999.
Palenque, Marta. Cumbres y abismos: las antologías y el canon. Ínsula, Barcelona, n. 721, p. 3–4, 2007. Disponível em: <https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=2226403>. Acesso em: 27 mar. 2018.
Razzini, Márcia. O espelho da nação: a antologia nacional e o ensino de português e de literatura (1838–1971). 2000. Tese (Doutorado em Literatura Brasileira) — Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2000. Disponível em: <http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/270144>. Acesso em: 27 mar. 2018.
Romero, Sílvio. História da literatura brasileira. Rio de Janeiro: Garnier, 1988.
Sanvitale, Francesca. Le scrittrici dell'Ottocento: da Eleonora de Fonseca Pimentel a Matilde Serao. Roma: Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato, 1995.
Showalter, Elaine. Feminist criticism in the wilderness. Critical Inquiry, Chicago, v. 8, n. 2, p. 179–205, 1981. Disponível em: <lhttp://www.journals.uchicago.edu/doi/10.1086/448150>. Acesso em: 27 mar. 2018.
Thiesse, Anne-Marie. La création des identités nationales: Europe, XVIII e –XX e siècle. Paris: Éditions du Seuil, 2001.
Zambelli, Paula C. Anthologies littéraires brésiliennes et identité nationale sous l'Estado Novo (1937–1945). 2015. Dissertação (Mestrado em Estudos Lusófonos) — Université Sorbonne Nouvelle, Paris, 2015.
Zilberman, Regina. Uma teoria para a história da literatura no Brasil. Cadernos do Centro de Pesquisas Literárias da PUC–RS, Porto Alegre, v. 3, n. 1, p. 20–26, 1997. (Anais do I Seminário Internacional de História da Literatura).
Zinani, Cecil; Santos, Salete (Org.). Da tessitura ao texto: percursos de crítica feminista. Caxias do Sul: EDUSC, 2012.
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Copyright (c) 2018 Paula Candido Zambelli