Resumo
Neste tempo presente, não há como dissociar arte e política, que se realizam nos mesmos pontos dos textos: na forma ou no conteúdo, ou em ambos. Manhã cinzenta (1969), média-metragem do cineasta baiano Olney São Paulo, é significativo em relação aos engajamentos artísticos e políticos, sendo um dos mais importantes filmes da resistência contra a ditadura civil-militar de 1964, por realizar uma leitura e interpretação do contexto histórico no momento de seu acontecimento, sendo também uma espécie de metáfora da vida do próprio cineasta, afigurando-se como uma ferida em seu corpo estilhaçado pela tortura. Embasamos nossa leitura e análise nos pressupostos teóricos de Marc Ferro (1971; 1992) e de Robert Rosenstone (2010) de que os filmes e os arquivos fílmicos podem suprir a ausência dos documentos oficiais tradicionais, dos quais a história lança mão para construir seu discurso, sendo, portanto, em sentido derridiano, suplementares para a construção historiográfica, podendo ser fontes para a compreensão de contextos e de acontecimentos históricos.
Referências
Aragão, Hudson Oliveira Fontes. Ironia e literatura: interseções. Anais do SILEL, Uberlândia, v. 3, n. 1, p. 1-14, 2013. Disponível em: . Acesso em: 22 ago. 2017.
Benjamin, Walter. Sobre o conceito de história. In: Benjamin, Walter. Obras escolhidas I: magia e técnica, arte e política. Tradução de Sergio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1985. p. 222-232.
Bierley, Paul E. John Philip Sousa: American phenomenon. Miami: Warner Bros Publications, 1973.
Calbo, Iza. A morte e a morte de Olney São Paulo. Neon, Salvador, ano 4, n. 34, 2002. Disponível em: <http://www.recantodasletras.com.br/artigos/1072386>. Acesso em: 26 jul. 2017.
Dantas, Henrique. Ser tão cinzento. Brasil: Hamaca Filmes, 2011. Documento digital, Documentário, 25 min., P&B. Trilha original de Ilya São Paulo.
Dantas, Henrique. Sinais de cinza: a peleja de Olney contra o dragão da maldade. Produção de Hamaca Produções. Brasil: Distribuição Livres Filmes, 2017. Documentário, 88 min., col. Trilha de Ilya São Paulo.
Derrida, Jacques. Escritura e diferença. 2. ed. Tradução de Maria Beatriz da Silva. São Paulo: Perspectiva, 1995.
Díaz, Claudio F. Una vanguardia en el folklore argentino: canciones populares, intelectuales y política en la emergencia del "Nuevo Cancionero". In: Congreso Nacional Celehis de Literatura, 2., 25 a 27 nov. 2004, Mar del Plata.
Anais... Buenos Aires: Universidad Nacional de Mar del Plata, 2004. Disponível em: <http://www.mdp.edu.ar/humanidades/letras/celehis/congreso/2004/actas/ponencias/9/2_Diaz.doc>. Acesso em: 13 set. 2017.
Ferro, Marc. Cinema e história. Tradução de Flávia Nascimento. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
Hutcheon, Linda. Teoria e política de ironia. Tradução de Julio Jeha. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2000.
José, Angela. Olney São Paulo e a peleja do cinema sertanejo. Rio de Janeiro: Quartet, 1999.
Machado, Irene. Memória da cultura em espaços de relações dialógicas: o caso do cinema político. In: Encontro Anual da Compós, 25., 7 a 10 jun. 2016, Universidade Federal de Goiás. Anais... Goiânia: Compós, 2016. p. 1-26. Disponível em: <http://www.compos.org.br/biblioteca/compos-2016_3416.pdf>. Acesso em: 13 set. 2017.
Nicolazzi, Fernando. Algumas reflexões sobre história e cinema. História da historiografia, Ouro Preto, n. 6, p. 190-198, mar. 2011.
Pinto, Leonor E. Souza. (Des)caminhos da censura no cinema brasileiro: os anos de ditadura. Memória da Censura no Cinema Brasileiro – 1964-1988. On-line. Disponível em: <http://www.memoriacinebr.com.br>. Acesso em: 14 jun. 2017.
Ramírez, Ariel. Gloria (Carnavalito-Yaraví). In: Ramírez, Ariel. Misa Criolla / Navidad Nuestra. Charango: Jaime Torres. Argentina: Philips, 1964.
Rios, Dinameire Oliveira Carneiro. O cinema de Olney São Paulo: Grito da terra e o cinema nacional. Dissertação (Mestrado em Literatura e Diversidade Cultural) — Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana, 2013.
Rocha, Glauber. Revolução do Cinema Novo. Rio de Janeiro: Alhambra; Embrafilme, 1981.
Rosenstone, Robert A. História nos filmes, os filmes na história. São Paulo: Paz e Terra, 2010.
Santos, Maria David. Olney São Paulo: maldição e esplendor em Manhã cinzenta. Dissertação (Mestrado em Literatura e Diversidade) — Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana, 2013.
São Paulo, Olney Alberto. Manhã cinzenta. In: São Paulo, Olney Alberto. A ante-véspera e o canto do sol: contos e novelas. Rio de Janeiro: José Álvaro, 1969. p. 15-21.
São Paulo, Olney Alberto. Manhã Cinzenta. Produção: Olney Alberto São Paulo e Ciro de Carvalho Leite. Fotografia: José Carlos Avelar. Brasil, 1969. 22min, P&B, 35mm.
Senna, Orlando. Humanismo e poesia. In: Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-Metragistas. Dia do documentário. [S.l.]: ABD, 2011. Disponível em: <http://lproweb.procempa.com.br/pmpa/prefpoa/smc/usu_doc/manha_cinzenta.pdf>. Acesso em: 14 jun. 2017.
Veloso, Caetano. É proibido proibir. Álbum É Proibido Proibir / Ambiente de Festival. São Paulo: Philips, 1968. Disco: 7", 33 1/3 RPM, mono. 365.257-A.
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Copyright (c) 2018 Antonia Cristina de Alencar Pires, Gustavo Tanus, Filipe Schettini