Resumo
A recusa da aceitação resignada da atual condição (des)humana parece gerar o ato poético de parte da produção de Leonardo Tonus e José Tolentino Mendonça. A questão do refúgio e o gesto ético humano de hospitalidade são temáticas que atravessam as obras Agora vai ser assim (2018) e Teoria da fronteira (2017), publicadas respectivamente no Brasil e em Portugal. Ambas são tocadas pela crise dos migrantes na Europa de 2015 que, como afirma Michel Agier, é muito mais que uma crise dos Estados europeus face aos imigrantes, trata-se de uma crise da representação do outro. Nesse passo, Tonus e Mendonça propõem uma saída para a inquietude do tempo em que a xenofobia assustadoramente ocupa um status de racionalidade nas práticas e políticas contemporâneas, e onde o exílio não tem provocado reparação alguma, mas prolongado o trauma em um sofrimento político de uma condição que é imposta como incerta, precária. Com base nos estudos de Alexis Nouss, Michel Agier e outros, pretendemos percorrer algumas imagens poéticas a fim de estabelecer reflexões em torno da vivência do refúgio na contemporaneidade.

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Copyright (c) 2022 Keli Cristina Pacheco