Resumo
A obscena Senhora D, de Hilda Hilst, tem como personagem central Hillé, uma viúva de sessenta anos que decide morar no vão da escada de sua casa, de onde fala com o marido e o pai já mortos, ouve vozes de dentro da parede e assusta a vizinhança com máscaras de papel. O artigo, dedicado a esta obra de Hilst, aborda o entrelaçamento entre velhice e loucura na definição de um espaço de exclusão a partir do qual a personagem experiencia uma singular relação com a linguagem. Trata-se não somente do constante contato com o tema da morte, mas também da experimentação em torno da palavra da qual deriva uma estética singular, uma poética, a poética da derrelição.
Referências
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