Mia Couto: uma escrita na voz – aprendendo com a chuva...
Colagem analógica de Gisele Gemmi Chiari
pdf

Palavras-chave

(arqui-)escrita
voz
obliteração do próprio
différance
marca

Como Citar

PEREIRA, J. P. Mia Couto: uma escrita na voz – aprendendo com a chuva... Veredas: Revista da Associação Internacional de Lusitanistas, [S. l.], n. 39, p. 96–118, 2023. DOI: 10.24261/2183-816x0739. Disponível em: https://revistaveredas.org/index.php/ver/article/view/912. Acesso em: 21 jan. 2025.

Resumo

A nossa leitura de Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra, da autoria de Mia Couto, tem o seu foco na conceção de escrita que, da singular correspondência entre as personagens do Avô Dito Mariano e Mariano, o neto que lhe herda o nome, se desprende. A nossa questão condutora refere-se, por um lado, à dupla inscrição de Dito Mariano, a respeito dessa escrita: simultaneamente por fora – sendo ele analfabeto... – e por dentro – mas num sentido que julgamos derrideano. As premissas da noção de escrita de Mia Couto, expostas em E se Obama fosse africano? são, por seu lado, compatíveis, com as posições de Jacques Derrida, contidas em livros como Posições, De la grammatologie, Marges – de la philosphie ou Points de suspension sobre uma certa escrita na voz, uma arqui-escrita que nos deve ajudar a reconsiderar a posição da oralidade, na sua diferença em relação à escrita corrente.

https://doi.org/10.24261/2183-816x0739
pdf

Referências

BARTHES, Roland. O grau zero da escrita: seguido de elementos de semiologia. Tradução de Mar-garida Barahona. Lisboa: Edições 70, 1981.

BARTHES, Roland; MAURIÈS, Patrick. Escrita. In: ROMANO, Ruggiero (org.). Enciclopédia Einaudi. Lisboa: Imprensa Nacional; Casa da Moeda, 1987. v. 11: Oral/escrito, Argumentação, p. 165

BERNARDO, Fernanda. Derrida: o dom da différance (desconstrução - pensamento – literatura). Coimbra: Palimage, 2019.

COUTO, Mia. Que África escreve o escritor africano? In: COUTO, Mia. Pensatempos. Lisboa: Caminho, 2005. p. 59-63.

COUTO, Mia. Quebrar armadilhas. In: COUTO, Mia. E se Obama fosse Africano? e outras inter(in)venções. 2. ed. Lisboa: Caminho, 2009. p. 101-112.

COUTO, Mia. Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra. Lisboa: Caminho, 2004.

DERRIDA, Jacques. Dar a morte. Tradução de Fernanda Bernardo. Coimbra: Palimage, 2013.

DERRIDA, Jacques. De la grammatologie. Paris: Minuit, 1967.

DERRIDA, Jacques. Implicações: Diálogos com Henry René. In: DERRIDA, Jacques. Posições: semiologia e mate-rialismo. Trução de Margarida Barahona. Lisboa: Plátano, 1974. p. 9-12.

DERRIDA, Jacques. L’écriture avant la lettre. In: DERRIDA, Jacques. De la grammatologie. Paris: Minuit, 1967a. Parte 1, p. 11-103

DERRIDA, Jacques. Nature, culture, écriture. In: DERRIDA, Jacques. De la grammatologie. Paris: Minuit, 1967b. Parte 2, p. 141-196.

DERRIDA, Jacques. Signature évènement contexte. In: DERRIDA, Jacques. Marges de la philosophie. Paris: Minuit, 1972. p. 365-393.

DERRIDA, Jacques; ATTRIDGE, Derek. Cette étrange institution qu’on apelle la littérature. In: DUTOIT, Thomas; ROMANSKY, Philippe (ed.). Derrida d’ici, Derrida de là. Paris: Galilée, 2009. p. 253-292.

DERRIDA, Jacques; BERGER, Anne. Dialangues. In: DERRIDA, Jacques. Points de suspension. Paris: Galilée, 1992. p. 141-164.

DERRIDA, Jacques; MALABOU, Catherine. Villes. In: DERRIDA, Jacques; MALABOU, Catherine. La contre-allée. Paris: La quinzaine Littéraire, 1999, p. 110-122.

FREUD, Sigmund. O sentimento de algo ameaçadoramente estranho. In: BASTOS, Gabriel Pereira (org.). Textos essenciais sobre literatura, arte e psicanálise. Tradução de Margarida Barreto. Lisboa: Europa-América, 1994. p. 209-242.

JUNOD, Henri. Religion. In: JUNOD, Henri. The life of a South-African Tribe. Neuchatel: Attinger Fréres, 1913. p. 346-411. v. 2: The psychic life

MACHADO, José Pedro. Dicionário etimológico da língua portuguesa. 8. ed. Lisboa: Livros Horizonte, 2003. v. 2

MATEUS, Maria Helena Mira; BRITO, Ana Maria; DUARTE, Inês; FARIA, Isabel Hub. Subtipos de Conjunções e nexos coordenativos. In: MATEUS, Maria Helena Mira; BRITO, Ana Maria; DUARTE, Inês; FARIA, Isabel Hub. Gramática de Língua Portuguesa. Lisboa: Caminho, 2003. p. 566:

MEILLET, Antoine; ERNOUT, Alfred, no seu Dictionnaire étymologique de la langue latine: histoire des mots. Paris: Klincksiek, 2020.

RAMOND, Charles. Dictionnaire Derrida. Paris: Ellipses, 2016.

VESPA. In: AAVV. Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Lisboa/Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia, 1945. v. 34, p. 796-800.

Creative Commons License
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

Copyright (c) 2023 José Paulo Pereira