“O monopólio da cabo-verdianidade”: A morte do ouvidor (2010), de Germano Almeida, e o desafio de recontar o passado
Resumo
Analisando o romance A morte do ouvidor (2010), de Germano Almeida, este artigo propõe compreender o exercício de recontar o passado como resposta às demandas pós-coloniais de domínio e consciência sobre a história e como uma maneira de questionar e reformular as noções de identidade cultural em Cabo Verde. Ao observar os recursos historiográficos e metaficcionais mobilizados no romance para montar a trajetória do coronel António de Barros Bezerra de Oliveira, busca-se perceber como os dois eixos em que se articula o romance exploram o passado e o presente de forma crítica, irônica e fragmentada, e abrem caminho para afirmar o “ser cabo-verdiano” e a possibilidades de novos posicionamentos.
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