Resumo
Este artigo é resultado das minhas pesquisas de doutorado, em Materialidades da Literatura, e tem como objetivo analisar os contos Maria e Lia Gabriel, publicados nos livros Olhos d’água e Insubmissas lágrimas de mulheres, da escritora Conceição Evaristo (2016, 2016a), com o intuito de apontar estratégias discursivas por ela utilizadas para denotar a representação material da violência (de gênero, raça e classe) sofrida por mulheres negras brasileiras. Adotei como metodologia a pesquisa bibliográfica, porque é um método inicial no desenvolvimento de um estudo investigativo, visto que após a escolha do tema, é necessário realizar a coleta bibliográfica acerca do mesmo, tendo em vista que esta leva a saber se as questões propostas já foram publicadas em outras pesquisas semelhantes e quais teóricos são mais relevantes academicamente para respaldar o assunto em estudo. O trabalho se faz relevante na medida em que promove a expansão do conhecimento cultural oferecido pela literatura evaristiana, contribuindo, dessa forma, para mostrar ao mundo a ríspida realidade vivenciada por milhões de mulheres negras no Brasil e, de modo igual, conscientizar os leitores da negligência governamental diante dessa situação. Para fundamentá-lo, usei as ideias de estudiosas como Kimberlé Crenshaw, Judith Butler, Eni Orlandi, Sonia Giacomini, entre outros.
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