Reconfigurações alegóricas de uma Revolução
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Palavras-chave

Ficção portuguesa
Teolinda Gersão
Autoritarismo. Resistência. Teses benjaminianas. Cinema.
Alegoria
Espírito revolucionário

Como Citar

DIAS, M. H. M. Reconfigurações alegóricas de uma Revolução. Veredas: Revista da Associação Internacional de Lusitanistas, [S. l.], v. 41, p. 26–37, 2024. DOI: 10.24261/2183-816x0341. Disponível em: https://revistaveredas.org/index.php/ver/article/view/941. Acesso em: 10 out. 2024.

Resumo

A partir da focalização de um episódio nuclear do romance Paisagem com mulher e mar ao fundo (1982), de Teolinda Gersão, este artigo propõe suscitar reflexões sobre os sentidos desdobrados da figura opressora de Oliveira Salazar e os efeitos de sua ação ditatorial sobre o país. Não apenas o conteúdo político contido nesse momento histórico, mas, principalmente, o modo como esse recorte é tratado ficcionalmente e gera efeitos para além da pontualidade do acontecimento. Nesse caso, o “acontecimento” (noção colocada por Jacques Derrida) tem que ver com a linguagem, enquanto “desconstrução” e “diferença”, enfim, uma escrita enquanto “devir” que rasura o factual para re-configurá-lo em outro espaço – o da escritura. É por meio desta que a romancista portuguesa utiliza alegorias que problematizam, tanto a figura do Poder quanto a da massa revolucionária que busca derrubá-lo. Visionarismo, mitogenia, sacralização, ritos religiosos, profanação, polifonia acabam despontando na narrativa  como  recursos estéticos  que propiciam interessantes indagações sobre a Revolução de Abril. Eis a atualidade desse romance de Teolinda Gersão. Nosso corpus crítico está constituído por Rolando Barthes, Octavio Paz, Walter Benjamin, José Miguel Wisnik, Flávio Kothe, entre outros autores.

https://doi.org/10.24261/2183-816x0341
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Referências

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